quarta-feira, 28 de julho de 2010

O PULO DO GATO

Segundo conta a história, a onça vivia admirada com a agilidade do gato. Curiosa, resolveu pedir-lhe umas aulas. O gato aceitou e começou a ensiná-la. Achando que já havia aprendido tudo, a onça resolveu pegar o gato como refeição, mas ele sumira. Dias depois, ao encontrá-lo, a onça perguntou: "Pois é, compadre, esse pulo você não ensinou...". O gato, muito esperto: "É ele, comadre, que me mantém vivo!"

A expressão "o pulo do gato" é muito comum e bastante utilizada, no sentido de que nem sempre o chefe ensina tudo ao aprendiz. Por isso, na brabíssima competição do mercado, salve-se quem puder - e souber...

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sábado, 24 de julho de 2010

O GATO DE BOTAS
Conto infantil de Charles Perrault

Gato de Botas de Perrault, conto infantil


Há muito tempo, um velho moleiro, que tinha trabalhado
a vida inteira, chamou seus três filhos e distribuiu entre
eles tudo o que possuía. Entregou o moinho ao mais velho,
deu o burro para o segundo, e para o terceiro, que era o
caçula, sobrou só o gato. Quando os três filhos ficaram
sozinhos, o mais velho combinou viver e trabalhar junto
com o segundo irmão.
 
Ele podia fazer farinha no moinho, e o outro iria vendê-la
na cidade, com o burro. Mas o caçula, que só tinha um gato,
era melhor que fosse embora com ele, pois para nada servia.
O caçula ficou muito triste, mas concordou:
—  Vocês têm razão. O mais que posso fazer com um
gato é comer uns bifes e usar a pele para um gorro.
Depois fez sua trouxa e pôs-se a caminho, levando o gato.
Não sabia para onde ir. Andou durante muito tempo…
Quando se cansou? sentou-se num tronco caído, para pensar.

O gato ouvira a conversa dos irmãos, e, agora que estava
sozinho com o dono, falou:


—  Meu amo! Poderei ser-lhe mais útil vivo que morto.
Arranje-me um par de
botas para andar no bosque e um saco. Você vai ver do
que eu sou capaz.
O rapaz estranhou o pedido, mas arranjou as botas e o 
saco para o gato. — Quero só ver o que um gato pode  
fazer com isto — pensou. Assim que recebeu o que pedira,
saiu depressa,cantando alegremente:


De hoje em diante meu destino
é ao meu dono servir
Hei de cobri-lo de ouro !
Basta me divertir !
Vou para o bosque distante
Um cérebro que trabalha
Faz fortuna num instante.

Gato de Botas de Perrault, conto infantil












Enquanto caminhava em direção ao bosque, o gato
 ia fazendo seus planos. Seria difícil imaginar um gato

mais esperto do que aquele. Bem que ele dizia que
sua cabeça funcionava! Ele não perdia tempo.
Seu dono nunca poderia adivinhar o que ele
pretendia fazer…

Gato de Botas de Perrault, conto infantil



Chegando ao bosque, o gato pôs no chão o saco
bem aberto e dentro jogou uns pedacinhos de pão.
Depois, deitou-se ali perto fechou os olhos e fingiu de
morto. Dali a pouco uma lebre se aproximou e foi
comer o pão. Entrou no saco e… zás! Num piscar de
olho o gato puxou os cordões, fechando o saco,
colocou-o ao ombro, e correu ao palácio do rei.

Gato de Botas de Perrault, conto infantil

— Majestade, venho trazer-vos esta lebre,
que meu amo e senhor, Marquês de Carabá,
caçou especialmente para vós.
O rei agradeceu o presente e mandou o cozinheiro
 preparar a lebre para o jantar.


Nos dias que se seguiram, o gato tornou a levar ao
 rei vários presentes do Marquês de Carabá: lebres,
codornas, coelhos, faisões. O gato chegava ao palácio e,
fazendo uma grande reverência, entregava ao rei
a caça do dia:
— Majestade , Eis aqui duas perdizes, que vos envia
meu amo, o Marquês de Carabá!
O rei ficava encantado. Estava cada vez mais curioso
para conhecer o Marquês de Carabá, que o
presenteava tanto.Os próprios cortesãos perguntavam
uns aos outros quem era o tal marquês. E o rei pensava:

— Se é tão bonito quanto é bom caçador,
se é tão rico como esplêndido senhor,
da minha filha eu lhe darei a mão e o amor!



Gato de Botas de Perrault, conto infantil

Um dia o gato soube que o rei ia dar
um passeio de carruagem com a filha.
Levou o amo até um lago que ficava perto
da estrada por onde o rei deveria passar,
e, quando a carruagem se aproximava,
mandou o dono despir-se e entrar na água.
—  Mas, que é isso, gato? Você perdeu o juízo?
— Depressa, meu amo, depressa! Faça o que lhe
digo, e não se arrependerá!
O rapaz nao teve outro jeito senão obedecer.
Tirou a roupa e pulou para dentro da água.
A carruagem do rei já estava perto, e o gato
começou a gritar:
— Socorro! Meu amo está se afogando!
Socorro, Majestade!

Gato de Botas de Perrault, conto infantil

O rei ordenou ao cocheiro que parasse e que seus  
guardas tirassem o marquês de dentro do rio.
O gato agradeceu ao rei e disse:
— O pobre marquês… foi atirado ao rio por dois
bandidos… que lhe roubaram…
—  A peruca? — perguntou o rei.
 — E também as roupas! — disse o gato.

O rei ordenou então a um dos seus servos que corresse
 ao palácio e trouxesse o traje mais bonito de seu
guarda-roupa.

O furto da roupa era mais uma invenção do gato.
E claro que o Marquês de Carabá não poderia
apresentar-se vestido com as roupas pobres de um moleiro…

Quando o servo chegou com o belo traje do rei, o rapaz
vestiu-se e aproximou-se da carruagem. Inclinou-se numa
reverência e agradeceu ao rei por tê-lo salvo.



Gato de Botas de Perrault, conto infantil

A princesa pediu ao pai que convidasse o Marquês
de Carabá para entrar na carruagem e continuar o
passeio com eles. O rapaz aceitou o convite, e o rei,
vendo que a filha se interessava pelo moço, começou a pensar:

— Um marquês desconhecido! Preciso saber quem ele é,
e também se é rico. Enquanto isso o gato correra na frente
e já estava longe.

Gato de Botas de Perrault, conto infantil

Ao encontrar camponeses trabalhando a terra,
o gato ordenou em voz grossa:

— Se alguém perguntar de quem são estas terras,
digam que pertence ao Marquês de Carabá. Se não
responderem assim, eu os picarei em pedacinhos e
farei salsicha de vocês!
 
Daí a pouco chegou a carruagem do rei. Os camponeses
o saudaram e ele perguntou de quem eram aquelas terras.

— São do Marquês de Carabá.
O rei olhou admirado para o rapaz, que disse modestamente:
 É apenas um campo que quase não dá lucro… não dá nem para
comprar os cartuchos para minha espingarda! 

Gato de Botas de Perrault, conto infantil

O gato, que não perdia tempo, já estava longe, falando
com outros. —  Se alguém perguntar de quem é o trigo que
vocês estão colhendo, digam que é do Marquês de Carabá.
Senão, eu os pico em pedacinhos!
Logo apareceu a carruagem e o rei perguntou:
—  De quem é este trigo?
—  É do Marquês de Carabá.
— responderam os camponeses.

O rei estava cada vez mais admirado com a riqueza do
Marquês e não parava de cumprimentá-lo.
O gato, entretanto, continuara a correr e chegara
a um castelo. Com a maior cara-de-pau deste mundo,
bateu à porta.
— Quem é ? — perguntou o guarda.
—  Pode dizer-me de quem é este castelo ?
—  E de um terrível feiticeiro! — respondeu o guarda.
— É melhor você ir andando, porque hoje ele espera
 hóspedes para um banquete.
O gato insistiu:
—  Não posso passar por aqui sem parar para
ver seu patrão. Pode anunciar-me: sou o gato do
Marquês de Carabá e quero cumprimentá-lo
—  Um gato! Que visita estranha! —disse o feiticeiro,
que era muito vaidoso. E mandou-o entrar, pensando
que o gato viesse prestar-lhe homenagens.

Gato de Botas de Perrault, conto infantil
—    Aproxime-se! — ordenou o feiticeiro ao gato.
— Vejamos se consegue me agradar.
—   Que bela barba o senhor tem! — exclamou o gato.
— E que barriga tão gorda!
— Bravo, gato! Você sabe fazer elogios.
E agora, o que tem para me dizer?
— Ouvi falar que… mas não é possível… não acredito…
que o senhor é capaz de se transformar num leão!
— Quem ousou dizer isso?
— perguntou o feiticeiro, ofendido.
— Oh! As más línguas… Mas se o senhor me
der uma prova de seu poder…
 —  Claro. Posso me transformar no que quiser
— respondeu o feiticeiro.

Um… dois… três!. O feiticeiro se transformou
num enorme leão. O gato teve tanto medo, que até
 suas botas tremeram. Mas acalmou-se e disse:
—  Muito bem, muito bem! Mas deve ser fácil
virar leão. O senhor é grande e o leão também é…
Não vejo dificuldade nisso !
—  Posso virar qualquer coisa, já disse.
Até uma coisinha bem pequena!
—  Não é possível — retrucou o gato.
— Ainda mais porque agora o senhor já
deve estar cansado!
—  Sou um feiticeiro, e os feiticeiros não se cansam.
Pode escolher qualquer bicho,e me transformarei nele.

O gato, que era muito esperto, pediu ao feiticeiro
que virasse um ratinho bem pequeno.
— Isso é fácil — disse o feiticeiro.
— Fique olhando: um, dois e três! O feiticeiro,
grande como era, virou um ratinho.
O gato não perdeu tempo: num instante pegou o
ratinho e comeu. 



Gato de Botas de Perrault, conto infantil

Livre do feiticeiro, o gato
 percorreu o castelo, dizendo:
— O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo
é o Marquês de Carabá. Guardas e Servos!
Cozinheiros! Preparem-se para receber o Marquês de
Carabá e Sua Majestade, o rei, em pessoa!



Gato de Botas de Perrault, conto infantil
— O banquete que o feiticeiro
ia oferecer aos amigos será servido ao rei
— continuou o gato.
— Depressal A carruagem real se aproxima !
De fato, exatamente naquele momento a
 carruagem do rei passava pela frente do castelo.
O gato correu à estrada e disse:
— Sua Majestade seja bem-vindo ao castelo
do Marquês de Carabá !
— Oh! meu caro Marquês, não sabia que
o senhor possuía também um castelo !
— Para dizer a verdade, nem eu — respondeu o rapaz.
— Tem um lindo castelo! — disse-lhe o rei — bem
construído e belo!
O moço em confusão pensava quieto:
 — Isso é obra do gato, por certo !
O rei disse no ouvido
da princesa: — Que tal o Marquês por marido?
— É mais lindo que o nosso — fez a princesa
— gosto mais do vosso!

— Aceito com prazer, se ele também quiser!
Disse o Marquês na hora :
— Se for por mim a gente casa agora!



Gato de Botas de Perrault, conto infantil

— Agora — disse o gato — é hora da ceia, que já
está pronta no salão do meio!
Foram todos a ceia festejar: o gato, o rei
e o novo par.

E assim termina a estória desse gato
que foi de fato o mais esperto que houve.
Gato de Botas que levou sua estória a tão
bom fim. Feliz de quem tiver
um gato assim !
GATOS - SETE OU NOVE VIDAS ??

O costume de se dizer que os gatos têm várias vidas provavelmente deriva de determinadas particularidades anatômicas e fisiológicas desses animais. O tamanho e a conformação dos músculos dos gatos, maiores que dos cães, permitem que os eles dêem saltos bastante ousados. Além disso, eles são exímios equilibristas. Essas características, aliadas a uma grande flexibilidade, agilidade, destreza, garras afiadas, visão e audição aguçadas, permitem que os felinos se safem de muitas situações adversas. Daí, provavelmente, o costume de dizer que eles têm várias vidas. 
A escolha do “sete”, por sua vez, se dá pelo fato de este ser um número cabalístico: o sétimo dia foi o do descanso de Deus após a criação do universo, 
são sete os pecados capitais, as notas musicais e as cores do arco-íris. 
Na numerologia, ainda, representa a junção do material (4) com o espiritual (3).

Há também uma lenda de que os gatos têm 9 vidas, possivelmente surgiu devido ao número 9 significar 3 vezes a Trindade, o que significa sorte.
Um provérbio Inglês diz: 

"Um gato possui 9 vidas. Com 3 ele brinca, 3 ele perde e com 3 ele fica." 

Agora fica a dúvida... sete ou nove ???!!!